A Polícia Federal (PF) vai investigar a suposta tentativa do governo do ex-presidente de Jair Bolsonaro (PL) de trazer ilegalmente para o país um conjunto de joias de diamantes avaliadas em cerca de 3 milhões de euros, o equivalente a R$ 16,5 milhões. O caso fo revelado pelo Jornal O Estado de São Paulo. As peças seriam um presete do Governo da Arábia Saudita, para a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Pelas redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que o vaso pode configurar crimes de descaminho, peculato e lavagem de dinheiro, entre outros possíveis delitos e que na próxima segunda-feira vai enviar o caso para a Polícia Federal.
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo o ministro Bento Albuquerque tentou recuperar as joias ainda no aeroporto, e teria dito que elas eram um presente do governo saudista para Michelle. Ao Estadão, o ministro disse que não sabia o que tinha na caixa.
"A comitiva não sabia o que tinha dentro daquelas caixas. Eram presentes oficiais do governo da Arábia Saudita. Como é que a gente pode imaginar o que tem ali? Isso era um presente. Como era uma joia, a joia não era para o presidente Bolsonaro, né. Deveria ser para a primeira-dama. E o relógio e essas coisas que nós vimos depois, deveria ser para o presidente", disse o ex-ministro.
Ainda segundo o periódico, o governo ainda fez outras tentativa de reaver o conjunto. Uma delas, feita pelo próprio Bolsonaro, quatro dias antes de deixar o cargo. Ele teria enviado ofício ao gabinete da Receita Federal pedindo que os bens fossem destinados à presidência da República.
E no dia seguinte, um servidor viajou em voo da Força Aérea Brasileira (FAB) a Guarulhos e argumentou que tinha que tirar tudo e levar pois não poderia ficar de um governo para o outro.
O Portal de Transparência confirma a viagem de urgência de Jairo Moreira da Silva, em 29 de dezembro. A viagem foi autorizada pelo Ajudante de Ordens, tenente coronel Mauro Cid, para resolver questões do presidente da República.
Barrados na alfândega
O presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais, Mauro Silva, avalia que nem mesmo o pagamento de impostos e multa, que somariam quase o mesmo valor da joia, regularizaria a situação das joias, porque o bem estava com terceiros.
Também explica que seria possível receber as joias como presente oficial, sem nenhum pagamento de impostos, mas as peças ficariam para o Estado Brasileiro e não para a família Bolsonaro. O procedimento padrão para o bem tão valioso, seria por meio do Ministério das Relações Exteriores.
Mauro Silva chamou atenção ainda para a independência e atuação firme dos auditores fiscais.
"O auditor fiscal da Receita Federal e todo servidor público possui estabilidade do servidor público conquistado, por meio do concurso público, é o que permite que o auditor fiscal tenha independência para resistir a todas as pressões que estejam fora da lei", ressaltou.
"A Receita ela não tem nenhuma direção ideológica, ela não é lavajatista, ela não é direitista, nem esquerdista", completou o presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais.