O primeiro caça Gripen E fabricado no Brasil concluiu a primeira etapa de fabricação e segue para montagem final. A aeronave também é denominada Saab JAS 39 Gripen ou F-39. O avião é um modelo da sueca Saab, e está sendo montado na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto (SP).
Considerado um dos caças supersônicos mais modernos do mundo, o F-39 Gripen comprado pela FAB (Força Aérea Brasileira) tem uma montagem totalmente artesanal, sem a utilização de robôs na linha de produção.
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Cada segmento do avião é conectado por profissionais treinados pela Saab, dentro dos rigorosos parâmetros exigidos pela fabricante sueca, que montou uma linha de produção do caça no Brasil em parceria com a Embraer, dentro de um programa de transferência de tecnologia.
Segundo especialistas no setor, o Gripen é um caça polivalente que reúne as características de caça, avião de ataque e reconhecimento. O caça sueco é apresentado como “um caça inteligente”, dotado de modernos radares e sistemas eletrônicos.
O avião pode usar um amplo leque de armas de acordo com a missão, sendo os armamentos instalados em pontos de fixação na fuselagem. A velocidade do avião supera os 2.000 quilômetros por hora – duas vezes a velocidade do som.
Toda essa modernidade é montada por meio de mãos humanas, num processo artesanal de produção do avião. OVALE pode conferir isso de perto, em uma visita à linha de produção do jato em 5 de junho, a convite da Saab e da Embraer.
LINHA DE PRODUÇÃO
A linha do Gripen completou um ano de existência juntamente com a entrada, na fase final de montagem, do primeiro caça produzido no Brasil, que vai ser entregue em meados de 2025.
A Saab e a Embraer inauguraram a linha de produção em 9 de maio de 2023, um marco no programa de transferência de tecnologia entre as duas companhias e com outras empresas brasileiras.
Na unidade de Gavião Peixoto serão produzidas 15 das 36 aeronaves contratadas pela FAB. O contrato tem custo de 39,3 bilhões de coroas suecas (cerca de R$ 20 bilhões).
CAÇAS
Duas aeronaves Gripen estão atualmente na linha de produção, em estágios diferentes de fabricação. Uma terceira irá entrar na metade do ano. A primeira passou pela montagem estrutural, fase na qual são juntadas as quatro principais aeroestruturas: a fuselagem dianteira, a unidade de armamento, a fuselagem central das asas e a fuselagem traseira.
Ainda nesta fase, os tanques de combustível são selados, testes de pressão são conduzidos tanto no cockpit como nos tanques e medições geométricas são feitas. Ao final desta fase, é realizada a limpeza, pintura interna e aplicação de um verniz anticorrosivo em uma cabine de pintura externa. Tudo artesanalmente.
De volta ao hangar do Gripen, a aeronave entra na fase de montagem final, que consiste em três estações. Na primeira, a fuselagem recebe aproximadamente 35 quilômetros de cabos e 300 metros de canos.
Na segunda, é feita a instalação dos aviônicos, da unidade auxiliar de partida, do motor, do rádio, do estabilizador vertical, entre outros componentes. Na última estação o software da aeronave é instalado, testes funcionais são realizados e a aeronave retorna para a cabine de pintura para receber a camuflagem operacional.
Uma vez concluído esse processo, inicia-se a fase de preparação de voo, onde é feita a calibração final de vários sistemas, como o de navegação, combustível e controle de voo. O motor também é acionado pela primeira vez, testes funcionais são concluídos e ensaios em voo de produção são conduzidos para garantir que a aeronave funcione de acordo com o projeto verificado e certificado.
Todo o procedimento de montagem é acompanhado de protocolos de verificação e checagem. Nada é feito fora dos parâmetros definidos para cada peça e segmento do caça, conforme manual técnico digital seguido pelos funcionários, em computadores.
ENTREGA
Após os testes, a aeronave é transferida para o último hangar, onde tem início o processo de entrega ao cliente. O primeiro Gripen E produzido no país será entregue à FAB em 2025. Além desta aeronave, um segundo caça está finalizando a montagem estrutural e um terceiro iniciará a produção em julho.
Segundo Luiz Hernandez, diretor de Cooperação Industrial na Saab Brasil, a empresa entregou sete aeronaves para a FAB, que já estão em operação. Um modelo é mantido para ensaio de voo e será entregue ao final do contrato.
Quando atingir o grau pleno de maturidade, após a chamada ‘curva de aprendizado’, a linha de produção no Brasil terá capacidade para montar de seis a nove aeronaves ao mesmo tempo, em etapas variadas do processo de fabricação, que vai girar em torno de 18 meses.