A AstraZeneca admitiu, pela primeira vez em tribunal, que sua vacina contra a Covid-19 pode causar um efeito secundário mortal relacionado à coagulação do sangue, informou o The Telegraph.
Esse efeito extremamente raro está no centro de uma ação coletiva movida por várias famílias no Reino Unido, que alegam que eles ou seus familiares e amigos foram afetados pela vacina "defeituosa" da gigante farmacêutica.
A AstraZeneca, com sede em Cambridge, reconheceu num documento legal apresentado ao Tribunal Superior em fevereiro que sua vacina "pode, em casos muito raros, causar a síndrome de trombose com trombocitopenia" – uma condição médica na qual uma pessoa sofre coágulos sanguíneos juntamente com uma baixa contagem de plaquetas.
Normalmente, as plaquetas ajudam o sangue a coagular. Essa complicação, listada como um potencial efeito colateral da vacina, era anteriormente chamada de "trombocitopenia trombótica imune induzida por vacina". A admissão da AstraZeneca pode levar a pagamentos caso a caso no Reino Unido.
A vacina no Brasil
No Brasil, a vacina da AstraZeneca foi produzida com a Fiocruz e aplicada em mais de 150 milhões de pessoas, no auge da pandemia. A recente admissão dos efeitos colaterais pela farmacêutica tem gerado discussões no meio político.
O Ministério da Saúde informou ao Metrópoles que tal vacina desempenhou papel essencial no controle dos casos e na redução de óbitos relacionados à Covid-19 no Brasil e no mundo, salvando milhares de vidas.
Desde dezembro de 2022, essa vacina é indicada para pessoas a partir de 40 anos, com base nas evidências científicas mais recentes. O atual cenário da Covid-19 no país, com menos casos graves e óbitos, é resultado da ampla vacinação da população, disse a pasta.
Eventos adversos são raros e ocorrem, em média, uma vez a cada 100 mil doses aplicadas, apresentando um risco significativamente inferior ao das complicações causadas pela infecção da Covid-19, concluiu o ministério na resposta ao Metrópoles.
Anvisa suspende autorização emergencial para remédio da AstraZeneca contra Covid.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu temporariamente, em (7/03/2023), a autorização de uso emergencial do medicamento Evusheld (ou AZD7442), da AstraZeneca, para tratamento da Covid-19.
A autorização está suspensa até que sejam apresentados dados que comprovem a eficácia do medicamento contra as variantes de preocupação da Covid em circulação no Brasil.
Segundo a agência reguladora, a variante ômicron e suas subvariantes são predominantes no Brasil, apresentando recentemente uma prevalência de 77% para a BQ.1 e 15% para a BA.5.
"A Anvisa vem acompanhando a eficácia dos medicamentos aprovados contra as novas variantes do Sars-CoV-2 e, de acordo com os dados apresentados pela empresa, o medicamento Evusheld demonstrou queda significativa na atividade contra as variantes de preocupação do novo coronavírus em circulação no país", disse, em nota.
Caso existam lotes do medicamento em território brasileiro, a recomendação da Anvisa é que a empresa detentora da autorização faça a devida comunicação aos profissionais de saúde quanto à ineficácia do medicamento contra as variantes em circulação.
A diretoria colegiada da Anvisa aprovou em dezembro do ano passado o uso emergencial do medicamento Evusheld.
O medicamento é uma combinação de anticorpos monoclonais cilgavimabe + tixagevimabe. Até então ele era indicado para profilaxia pré-exposição, ou seja, para indivíduos que não estão infectados com a Covid-19 e não tiveram contato com o vírus.
O medicamento também é indicado para pessoas que não devem tomar a vacina da Covid-19 devido a um histórico de reação adversa grave. Para quem pode usar o imunizante, ele deve ser administrado pelo menos duas semanas após a vacinação.
O medicamento já foi aprovado por outras agências reguladoras em países como os Estados Unidos, França, Israel, Itália, Barein, Egito e Emirados Árabes Unidos.