O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região solicitou que o governo federal faça uma intervenção na Avibras, localizada em Jacareí. O pedido foi feito na quarta-feira (18), em Brasília, durante reunião entre dirigentes da entidade e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que é também o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Durante a reunião, o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves, e o secretário-geral da entidade, Renato Almeida, relataram para Alckmin a crítica situação dos trabalhadores da fábrica, que continuam com salários atrasados. O vice-presidente se comprometeu a fazer uma articulação sobre a questão com o ministro da Defesa, José Múcio.
“Se a Avibras seguir sob comando do capital privado, o que vai sobrar para os trabalhadores é a precarização, que já está evidente na empresa. Defender os empregos na Avibras significa defender a indústria nacional, e foi isso que cobramos de Alckmin”, explica Weller.
Os dirigentes do Sindicato também apresentaram ao ministério a demanda econômica do Vale do Paraíba, que passa por um preocupante processo de desindustrialização. Na oportunidade, Weller relembrou o fechamento de fábricas importantes na região, como a Ford, LG e Caoa Chery, o que refletiu diretamente na economia local.
Cobranças ao governo
Desde que a crise na Avibras se agravou, em março do ano passado, o Sindicato cobra uma atuação efetiva dos governos federal, estadual e municipal.
Em abril, em caravana a Brasília, os metalúrgicos tentaram se reunir com o então presidente, Jair Bolsonaro (PL), ou algum representante do governo, mas foram ignorados. Bolsonaro continuou desprezando a luta dos trabalhadores até o término de seu mandato.
Em janeiro deste ano, o Sindicato enviou pedidos de reunião ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao ministro da Defesa, José Múcio, ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao prefeito de Jacareí, Izaias Santana (PSDB), e ao presidente da Câmara de Vereadores de Jacareí, Abner Rodrigues de Moraes Rosa (PSDB).
Nesta quinta (19), os dirigentes sindicais têm reunião marcada na Câmara de Jacareí. Na próxima quarta (25), representantes do Sindicato voltam a Brasília para reunião específica sobre a Avibras, no Ministério da Defesa.
Avibras
Os trabalhadores da Avibras estão mobilizados por emprego e direitos há dez meses. A luta mais recente começou em setembro de 2022, com uma greve ainda em curso contra os sucessivos atrasos nos salários.
A empresa, que tem cerca de 1.400 trabalhadores, está em recuperação judicial. Sua dívida trabalhista já passa de R$ 14,5 milhões. No dia 1º de dezembro, foi iniciada a assembleia de credores da fábrica. Porém, o encontro acabou suspenso por 90 dias e remarcado para 28 de fevereiro.
Além de enfrentarem graves dificuldades financeiras, os metalúrgicos da Avibras convivem com o medo do desemprego. As 420 demissões realizadas em março só foram canceladas graças à luta dos funcionários e à ação judicial movida pelo Sindicato. Hoje, esses trabalhadores seguem em regime de layoff.
A Avibras é reconhecida e certificada como estratégica pelo Ministério da Defesa. Trata-se da maior empresa privada do segmento, no Brasil.
“O governo não pode continuar fechando os olhos para os companheiros da Avibras. Vamos continuar lutando e cobrando os governantes de todas as esferas para manter os empregos e direitos na fábrica. O Sindicato também segue com sua campanha pela estatização da empresa sob controle dos trabalhadores”, conclui Weller.
