O governo federal estaria atuando para promover uma fusão entre a Avibras Indústria Aeroespacial e a Akaer Engenharia Espacial. A medida seria uma alternativa para "salvar" a Avibras de um eventual processo de falência. A informação foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, nessa quinta-feira (3).
A Avibras está em processo de recuperação judicial e acumula cerca de R$ 600 milhões em dívidas. Seus trabalhadores estão em greve há dois anos, por falta de salário. A direção da empresa já deve 18 meses aos funcionários, cortou o convênio médico e está com o INSS e FGTS em atraso.
A estratégia atribuída ao governo inclui o estímulo à formação de um grupo de investidores brasileiros para comprar a Avibras e promover a fusão com a Akaer. Se concretizada, a iniciativa eliminaria os riscos da empresa brasileira ser entregue a capital estrangeiro. Mas, para o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (filiado à CSP-Conlutas) , é preciso ir além. O caráter estratégico dessas empresas exige que ambas sejam estatizadas, visando a manutenção da soberania nacional.
Desde que a Avibras entrou em processo de recuperação judicial, pelo menos quatro empresas estrangeiras teriam demonstrado interesse em comprar a fábrica, em razão do forte potencial tecnológico da empresa. As negociações, segundo a própria Avibras, aconteceram com o aval do Ministério da Defesa.
A Akaer também desenvolve produtos de alta tecnologia, inclusive com participação em programas de aviação militar.
O Sindicato sempre defendeu a estatização de todas as empresas estratégicas, inclusive a Avibras e a Embraer, e se posiciona contra a entrega para o capital estrangeiro.
Ao longo desses dois anos de crise na Avibras, o Sindicato já cobrou inúmeras vezes o governo em relação à necessidade de estatização da empresa e sobre a situação dramática vivida pelos trabalhadores, que estão sem salário e sem qualquer perspectiva de quando voltarão a receber.
Para o Sindicato, o governo está agindo tarde. Enquanto os trabalhadores não receberem tudo o que a empresa deve, a entidade não vai parar com as cobranças e mobilizações. Exigir o pagamento dos salários é nossa prioridade!
“É absurda essa situação dos trabalhadores. O governo já deveria ter se mexido há muito tempo para preservação dos empregos, direitos e salários, mas nada foi feito. Além disso, o Brasil tem enorme capacidade de desenvolvimento e produção de materiais de Defesa. A estatização das empresas dos setores bélico e aeroespacial seria de extrema importância para o país. O Sindicato continuará nessa luta para que empresas como a Avibras e Embraer sejam, enfim, estatizadas”, afirma o presidente em exercício do Sindicato, Valmir Mariano.
Nova estatal
Também está em andamento no governo federal um projeto para a criação de uma empresa estatal do setor aeroespacial. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nessa quinta-feira, um projeto de lei para a criação da Alada, uma subsidiária da empresa pública NAV Brasil Serviços de Navegação Aérea.
Segundo nota oficial do governo, essa nova empresa buscaria a autossuficiência do Brasil em materiais aeronáuticos, espaciais e bélicos e poderá minimizar a forte dependência de fornecedores estrangeiros.